Todo mundo sabe que Halloween é “comemorado” dia 31 de outubro, o dia das bruxas. Até um tempo atrás, aqui em Itapeva, em parceria com os cursos de inglês da cidade, a Danceteria Zoggy (antiga Acrópolis) fazia o Baile de Halloween todo ano.
E como "Os Rita" estavam em todas as baladas, até roupas de Halloween tínhamos (pra quem não sabe o que é ou quem eram Os Rita, leia "Lembranças 26"). Todo ano estávamos marcando presença. Fantasiados, maquiados e fazendo muita bagunça.
Teve um ano que fomos convidados, por um amigo meu que mora numa cidade vizinha, para ir no Halloween que ele estava promovendo naquela cidade, cuja renda seria destinada ao Asilo local.
Claro que não foi por motivos filantrópicos que decidimos ir. Tinha festa, lá estavam Os Rita. Mas o que nos causou estranheza foi a data do baile: dia 14 de novembro.
Como disse, o dia das bruxas é 31 de outubro. Mas ele nos explicou que foi a única data disponível no clube da cidade. Tudo bem. Iríamos até se fosse em Fevereiro ou no Natal.
Dia 14 de novembro, em dois carros, fomos para o baile naquela cidade. Fomos direto na casa do meu amigo para nos trocar e maquiar. Caprichamos na maquiagem. Queríamos estar irreconhecíveis (como se alguém de lá nos conhecesse).
Quando deu uma hora da manhã, todos maquiados e fantasiados, nos dirigimos ao clube. Na chegada, já achei estranho, pois tinha apenas 3 carros estacionados. Mas já podíamos ouvir o som da banda. Descemos e entramos no salão.
Na entrada, havia um corredor escuro, onde umas mãos pregadas na parede e uns negócios pendurados davam a impressão que estávamos sendo tocados. Achei legal a decoração, super original e criativa. Fiquei imaginando que, se naquele corredor estava assim, o salão devia estar decoradissimo.
Quando consegui me libertar do corredor, dei de cara com um salão enorme e... vazio! Isso mesmo. Vazio, sem nenhuma decoração que lembrasse Halloween. Aliás, não lembrava nem mesmo ser um baile, a não ser pela banda que tocava para cinco pessoas que estavam bem em frente do palco.
É, vocês leram direito. Havia apenas cinco pessoas no salão. E mais cinco seguranças. A banda tinha 12 elementos. Logo, tinha mais gente no palco tocando do que na pista dançando.
Das cinco pessoas que estavam dançando, três eram mulheres e dois homens. Como tenho um faro pra certas coisas, não demorei muito ver que os dois caras não davam um homem completo. Rebolavam demais!
E as três mulheres eram feias. Muito feias. Aliás, acho que eram elas a decoração do Baile. Decoração móvel. Mesmo sem fantasia, lembravam as bruxas da Idade Média.
Quando entramos no salão, praticamente triplicou o numero de participantes, pois éramos em mais 10: eu, Morlock, Carlaum, Suski, Paulinho, Alex, Sandro, Fabiano e o casal que nos convidou.
Isso demonstra que matemática é uma ciência enganadora. Imagina alguém comentando matematicamente como tava a festa: “Ah, até uma hora da manhã tinha pouca gente, mas depois da uma triplicou.”.
Ou então: “Nesta eleição eu dobrei meus número de votos recebidos. Tive 100% de aumento". E o cara pergunta: "Nossa, como conseguiu isso?" E ele responde: "Simples: casei. Antes tinha meu voto. Agora tenho o da minha esposa também”.
Talvez isso explique mais um pouco porque odeio de Matemática.
Mas voltando ao Halloween: entramos e fomos pra frente do palco, onde estavam as três mulheres e os dois caras. Um dos meus amigos (que não vou revelar o nome, porque ele é o personagem principal da história), já tinha começado a beber aqui em Itapeva, foi bebendo durante a viagem e já chegou no salão totalmente no "clima”.
Numa das músicas, ele ameaçou um giro e... cataploft! Se esborrachou no chão. Levantou (ou levantaram ele) e seguiu dançando. Nova música, novo giro, novo tombo. Talvez cansado de cair, resolveu xavecar as meninas, aquelas decorações móveis do halloween.
O palco era bem alto e os banheiros ficavam do lado do palco. Embaixo dele, bem no centro, havia uma portinha, que é por onde os técnicos de som entram e passam os fios, prendem os pedestais dos microfones, baterias, etc. Muitos palcos são ocos por baixo e em algumas ocasiões, os técnicos ficam embaixo, arrumando ou desenrolando fios, durante todo o show.
Num dado momento percebi meu amigo entrando naquela portinha debaixo do palco, sozinho. Entrou e fechou a porta. Não entendi. Eu estava no bar pegando cerveja e quando voltei vi ele saindo pela portinha, com uma cara meio séria. Fiquei na minha.
Ele saiu e voltou a xavecar as meninas. E a cada passo que dava, talvez pelo efeito da bebida, ele se jogava mais e mais pra cima daqueles enfeitinhos de festa, quase que roubando um beijo. E olha que elas nao faziam questão nenhuma de evitar. Muito pelo contrário. Estavam facinhas, facinhas.
Nisso meu amigo me puxou de lado, todo preocupado. Ele é dono de uma farmácia na cidade e me falou: “Avisa seu amigo que das 3 meninas, duas foram esta semana na farmácia comprar remédio para tratar DST”. Gelei!
Rapidamente fui ao encontro do meu amigo pra avisá-lo. Tarde demais! Ele já tava beijando uma. E agora? Será que era a única que não tinha ido na farmácia? Voltei e perguntei pro meu amigo, que me confirmou: "Ele acertou em cheio. Essa foi na farmácia!".
Corri até ele, puxei no meio do beijo e o levei pro canto. Falei que era pra ele parar de beijar a menina pois ela podia ser namorada de um dos caras. Ele disse que não tinha problema, pois os caras eram gays (suspeitei desde o início!). Mesmo assim, pra abaixar o seu fogo, levei até o bar e peguei duas cervejas. Bebemos e fumamos um cigarro (naquela época podia fumar no recinto).
Ele voltou pra pista, pra frente do palco. E minutos depois, lá estava beijando a outra projeto de bruxinha. Bom, agora a probabilidade era de 50 a 50% (lá vem a maldita matemática). Olhei pro meu amigo e pude perceber pelo seu rosto e pelo sinal com o polegar pra baixo que ele havia errado de novo. Outra cliente da farmácia.
Putz, cara! Duas em três e ele consegue acertar em cheio???? Não tive dúvidas. Corri novamente e o puxei, no meio de outro beijo. Dessa vez não o levei ao bar, mas entrei no corredor ao lado do palco e o levei no banheiro masculino.
Lá dentro do banheiro masculino abri o jogo com ele. Expliquei o que meu amigo tinha dito e da sorte (ou azar) dele nas escolhas. E que ele devia ficar longe delas, pois poderia ter problemas se o clima esquentasse ainda mais.
Enquanto falava notei que ele estava mais preocupado com o banheiro. Olhava o ambiente, o espelho, os mictórios e as portinhas, meio que assustado. Terminei de falar e ele quieto, notando tudo ao nosso redor.
Perguntei se tava tudo bem e o que ele tanto olhava. E seguiu o seguinte diálogo:
-De onde surgiu esse banheiro? ele perguntou.
- Ué? É banheiro, oras. Você não tinha vindo aqui ainda?
E ele:
- Eu não. Eu fui naquele banheiro que tem debaixo do palco! É mais escuro mas é mais perto que este...
Sinceramente, até hoje não sei como ele não morreu eletrocutado naquela noite.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
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