quinta-feira, 30 de julho de 2009

Pensando... (7)

Como diz meu pai: lá vou eu filosofar de novo...

Incrível como a internet tem deixado as pessoas mais religiosas... Talvez seja ela mais uma obra de Deus.

Todo dia recebo uma corrente santificada, descrevendo testemunhos, histórias, parábolas e finais felizes, de pessoas que leram e repassaram prá toda sua lista. São histórias e testemunhos que chegam a arrancar lágrimas e até partir o coração.

Não repasso essas correntes... não gosto de correntes... Principalmente porque acredito que as pessoas que as mandam, geralmente não vão à igreja. Dão-se por satisfeitas em “fazer sua parte” apenas enviando a “palavra de Deus”.

Devem sentir-se beatificadas, com o dever cumprido, com paz de espírito, que Jesus está lhe sorrindo e, de quebra, tá reservando um lugarzinho no céu.

Tudo bem que não tenho amigos padres, mas pergunto, apenas por curiosidade: será que eles (os padres) também enviam correntes desse tipo?

As correntes com crianças desaparecidas são as piores. Geralmente nem tenho coragem de abrir o arquivo. Acho desumano, mesmo que seja verdadeira. E pergunto: alguém que vê uma foto dessas, anda pelas ruas olhando dentro dos carrinhos de bebês ou nos colos das mães, procurando pela criança desaparecida?

Sem contar (já sendo super malvado), que criança é tudo igual, praticamente. Tem a mesma cara (sei que vou ser criticado por isso).

Nunca recebi um e.mail informando que uma criança foi devolvida aos verdadeiros pais, graças a corrente realizada na net.

Agora, de todas as correntes e e.mails conscientizadores, os piores são os que tratam de política.

Sou da geração “cara-pintada”. Vivenciei o final da Ditadura e ouvi e li sobre os horrores dela. Nossos pais nos amedrontavam na época em que tudo era proibido. Vibrei com as “Diretas-Já”. Votei prá Presidente com orgulho. Pintei o rosto e gritei “Fora Collor”.

Sou de uma época que as musicas tinham letras com duplo sentido para burlar a censura. Que Chico Buarque, Gil, Caetano, Vandré, entre muitos outros, cantava uma coisa dizendo outra. Ficávamos horas, nas aulas de Português, debatendo as letras de músicas e tentando descobrir o que estava naes entrelinhas (e o burro do censor não descobriu).

E hoje? Hoje ouvimos “Éguinha Pocotó”, assoviamos um funk qualquer, ensaiamos passinhos de pagode e axé prá dançar nos “bailes” e vivemos alienados dos acontecimentos políticos.

Assistimos impávidos os desmandos no país, ficamos revoltados durante o Jornal Nacional (que sempre ameniza as noticias), lemos irritados os e.mails que falam sobre a farra do Congresso e o que fazemos?

Nada! Apenas repassamos o e.mail e ficamos conversando banalidades nos MSN´s e Orkut´s da vida.

Maldita internet! Obra de Deus e salvação de nossos políticos.

Nos damos por satisfeitos apenas repassando os e.mail´s. Percebo tristemente quee “nunca mais você saiu à rua em grupo reunido, o dedo em V, cabelo ao vento, amor e flor, quero cartaz”, como dizia Belchior em uma de suas músicas.

Estamos na geração “e.mail”, onde demonstramos nossos descontentamento apenas na ponta dos dedos. E enquanto isso, nossos políticos continuam se lixando prá opinião publica, empregando parentes e amigos, dizendo que não viu e não sabe de nada, viajando pro exterior, construindo castelos, fazendo farra com cartões corporativistas e mandando a conta prá nós, pobres assalariados.

Sabe qual foi a última corrente que recebi? Era um abaixo assinado para que um deputado do Paraná que, bêbado, matou jovens (acho que 3, não me recordo) num acidente de carro, fosse cassado pela Assembléia do Estado e respondesse pelo crime como uma pessoa comum. As pessoas só tinham que “assinar” (colocar o nome) no e.mail e repassar, prá angariar "não-sei-quantas-mil" assinaturas.

Agora me responda: quem vai levar o e.mail prá Assembléia? Quem vai apurar a veracidade de um documento onde só existe nome de pessoas (que uma única pessoa munida de uma lista telefônica poderia fazer tranquilamente)? E qual político iria dar crédito a um e.mail????

Me desculpe quem assinou esse e.mail ou outro do tipo, mas é muita burrice.

Querem mudar o Brasil? Tire a bunda da cadeira, o dedo do teclado e saia às ruas. Lute! Reclame! Movimente-se! Reivindique! Faça passeata! E, principalmente, aprenda a votar!

Porque se está a porcaria que está, é graças ao nosso voto! Logo, a culpa não é deles. É nossa que os colocamos lá.

Como mudar? Fazendo terem medo da eleição. Mostrando que sabemos votar e que estamos atendendo o que fazem. E quando não fizeram nada ou fizerem errado, não receberão nossos votos e não se (re)elegerão.

Simples, não? Então pense nisso...

2 comentários:

  1. TEXTO PERFEITO, se não fosse pelo detalhe de vc ter ocultado que presenciou o início da carreira de Nelson Gonçalves!!! Poxa, vc relata isso com tanto amor, quando diz que jogava bola com o grande cantor e o incentivava a sua carreira!!!!
    Poxa, Neto.. vc tem tantas histórias lindas!!!!
    SOU TUA FÃ, BRINCADEIRA A PARTE!!!
    AMO VC ETERNAMENTE!

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  2. Olhaaa qto a parte que os padres enviam correntes..correntes não digo..
    mas o que gravam de Cd...dvd...shows..
    nada contra padres..igreja..mas como diz meu avô( e concordo com ele)
    a Igreja, está se transformando em um comercio.
    quanto as correntes..arrggghhh..odeiooooo tbeem...rss

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